Fullmetal Alchemist Legacy
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Fanfic Original ~by Gaby: Miyuki

Ir para baixo

Fanfic Original ~by Gaby: Miyuki Empty Fanfic Original ~by Gaby: Miyuki

Mensagem por GabyBakaChan Sex Jan 01 2010, 22:05

Este é o Início da Primeira Saga de Miyuki *-*

A parte desde post fala sobre como a Miyuki passa por sua primeira grande batalha e conhece os primeiros humanos, que tanto admirava. E também dá início à Grande Guerra Interdimensional.

Aqui um desenho da Miyuki pra ajudar na imaginação dos leitores >w<
https://2img.net/r/ihimizer/img8/5578/miyuki210809ps.png

Boa Leitura ;D

GabyBakaChan escreveu:
Fanfic Original ~by Gaby: Miyuki Logomiyukiverso2008

Fanfic Original ~by Gaby: Miyuki 77151394

... Não sei o que aconteceu comigo. Em um instante, tudo era claro como eu jamais havia visto. Segurei firme a espada de meu pai... Me sentia muito insegura do que fazer. Queria chorar. Mas não resisti ao cansaço e acabei dormindo novamente.

Graças ao piado dos passados, eu acordei, e nisso, percebi que estava num lugar totalmente desconhecido para mim. A primeira vista parecia uma floresta densa, mas, olhando com mais calma, vi que se tratava de um jardim. Era um lugar tão maravilhoso e belo, parecia até um sonho. Eu nunca tinha visto algo do tipo. O jardim era imenso, com muitas árvores, flores, e até mesmo alguns frutos. Em seu centro, havia uma espécie de fonte, mas que estava desativada, e desgastada pelo tempo.

Sentei-me melhor e fiquei observando as coisas ao meu redor, e acabei perdendo a noção do tempo. Quando percebi isso, levantei-me e tentei procurar alguém. Nem precisei, pois meus pensamentos foram interrompidos por uma pessoa naquele mesmo instante.

Era um garoto mais ou menos alto, de pele clara e olhos verdes. Tinha cabelos castanhos e parecia ter a minha idade, talvez um pouco mais velho. Ele usava vestimentas diferentes de tudo o que eu já havia visto antes. E parecia espantado com a minha presença ali. Ele foi se aproximando aos poucos...


_ Ei... Quem é... Você?... O que faz aqui? Como você entrou aqui?... – Perguntou ele.

Eu estava prestes a responder... Quando, sem mais nem menos, minha visão começou a escurecer. Tudo ao meu redor parecia girar... Olhei novamente aquele garoto... Parecia que ele estava tentando me dizer algo, mas não consegui entender o que era. Depois disso, eu não me lembro de mais nada. Acho que eu desmaiei outra vez.

Como na outra vez, ao abrir os olhos, estava num lugar que não conhecia. Pensei que era um castelo, pois havia muitos objetos bonitos e brilhantes por todo o lugar, não importa para onde eu olhasse. Ainda que fossem muito diferentes do que eu estivesse acostumada. Creio que não deve ser muito longe daquele Jardim onde eu estava. Dessa vez eu estava deitada em algo muito macio, o que será?...

Sentei-me novamente e, olhando com mais calma, percebi que aquele garoto estava ali também. Havia uma garota próxima a ele... Eles estavam conversando, e, quando notaram que eu acordei, ela veio até mim. A garota se sentou ao meu lado para poder falar melhor comigo. Ela notou que eu ainda segurava firmemente a espada.


_ Hum... Bom dia... - Ela me olhou preocupada, então abaixou a cabeça.

_ ... Qual seu nome? Você está perdida? Como você conseguiu entrar aqui? Você está procurando por alguém...? – Voltou a olhar para mim e perguntou sem hesitar.

_ ... Bom... Meu nome é Miyuki.

Mundo Espiritual, um dia antes...

Estava chovendo lá fora. Melhor, era uma tempestade violenta. Eu assistia os relâmpagos cruzarem os céus pela janela, acompanhados pelo som dos trovões. E podia sentir o mal que estava se aproximando. Eram Demônios vindos do Mundo das Trevas.

O Mundo Espiritual estava tentando negociar com eles há milhares de anos, mas era perda de tempo. Não há como negociar com seres da raça deles. Eles são muito violentos, agressivos e têm sede de sangue. E sangue humano.

Este Mundo serve de intermediário entre o Mundo dos Vivos, onde estão os humanos, e o Céu, também chamado de Paraíso. O Mundo das Trevas é o oposto, e serve de ligação para o Inferno. Os Demônios querem invadir o Mundo dos Vivos para conquistá-lo e usarem os humanos de servos e de alimento. Para chegar até lá, eles precisam passar pelo Mundo Espiritual primeiro.

Neste exato momento, Demônios estão atravessando a fronteira entre meu Mundo e o Mundo das Trevas. Apesar de termos Energia Espiritual do nosso lado, o que naturalmente seria a nossa vantagem contra eles, talvez não consigamos vencê-los: Eles estão em maior número.

Eu sou um ser denominado “Criatura Espiritual”. Vivo em um dos Pilares do Mundo Espiritual, denominado “Passagem”, que é o Pilar que atualmente se encontra mais próximo do Mundo dos Vivos, em termos de proximidade dimensional, já que meu mundo encontra-se em um plano superior.

Neste pilar, encontram-se geralmente Criaturas Espirituais denominadas “Guias”, as responsáveis por trazer as almas dos Humanos para Julgamento no Mundo Espiritual, e Criaturas Espirituais do Setor de Defesa, geralmente referidas como “Samurais”.

Eu vivia aqui pacificamente com meu Pai, o Samurai Kojiro e minha mãe, Tsuki... Mas agora, por esse Pilar estar mais próximo do Mundo dos Vivos, ele também está sendo o principal alvo dos Demônios... Outros Pilares devem estar sendo invadidos, se não já foram invadidos...

Estamos conscientes de que talvez os Demônios destruam nosso Mundo, mas não podemos permitir de maneira alguma que eles invadam o Mundo dos Vivos. Devemos proteger os humanos a todo custo. Eles ainda estão vivos, eles precisam viver suas vidas em paz...!!

Por isso, as Criaturas Espirituais mais indefesas fugiram para Mundos paralelos, onde poderiam ficar em segurança. Já aquelas que pertencem ao Setor de Defesa ficarão para lutar contra os Demônios e impedi-los de prosseguir. Eu deveria ter ido para um lugar seguro também, mas...

Eu não sou uma Criatura Espiritual comum. Além do mais, eu tenho um acerto de contas para fazer.

Oito anos atrás... Sniper, o atual líder dos Demônios, atravessou as barreiras do Mundo Espiritual e matou minha mãe. Meu pai disse que ele voltaria, porque quer nos matar também. Não sei o motivo... Mas desde aquele dia, estive treinando com meu pai para derrotar Sniper. E é isso que pretendo fazer, vingar minha mãe.

Eu estava mais do que determinada a lutar, porém, no último instante, meu pai dirigiu-se a mim...


_ Miyuki?

_ Sim, papai? – Eu, que estava próxima a uma janela, observando a Tempestade, dirigi meu olhar para meu pai.

_ Escute... Eu não sei como lhe explicar isso... Sei que estivemos treinando durante muito tempo, mas não foi para matar Sniper.

_ Como assim? – Fiquei de frente para meu pai, e olhei fixamente para ele.

_ Mesmo que você quisesse matar ele, ele é muito forte. Não somos páreo contra ele. E é importante para todos nós que você permaneça viva, e segura.

_ Papai, eu não estou entendendo aonde o senhor quer chegar...

_ Eu preciso que você fuja daqui imediatamente. Você não vai lutar contra o Sniper, eu não irei permitir.

_ Mas... Pai!! Foi ele quem matou a mamãe...!!! O Sniper, ele-

_ Obedeça ao seu pai, Miyuki!! Fuja agora mesmo!! – Disse ele, segurando meus ombros com força e me encarando nos olhos.

_ ... O senhor não confia nos meus poderes, não é?... – Eu perguntei, de cabeça baixa.

_ Miyuki!! Não diga uma besteira dessas!! Eu confio nos seus poderes, e é exatamente por confiar neles que preciso que você fuja!!

_ Eu não entendo...

_ Filha–

Naquele mesmo instante, nossa conversa foi interrompida por uma explosão, que aconteceu próximo dali. Meu pai e eu sentimos Energia Maligna vindo de lá. Ele resolveu verificar o que era, e eu quis ir junto. Nisso, ele tentou me impedir novamente, mas não havia tempo para discutir.

Fomos atraídos pela Energia e nos dirigimos até o local da explosão. Havia muita fumaça, então, durante certo tempo, permanecemos em nossas posições para não abaixarmos nossa guarda, caso houvesse algum inimigo ali. Quando a fumaça se dissipou, não havia nada no local. Mas a concentração de Energia Maligna não diminuía.

Olhamos para os lados e não vimos nada. Neste momento, pode-se observar mais uma série de relâmpagos cortando as nuvens de tempestade, através da abertura formada na parede. A luz destes projetou uma sombra no corredor onde estávamos. Apesar dos relâmpagos não terem cessado, a sombra permaneceu ali.

Essa escuridão parecia ter vida, e foi se alastrando pelos corredores. Eu e meu pai recuamos um pouco, então a sombra ergueu-se dos chãos e veio em nossa direção, como se fosse nos engolir com Trevas.

Quando já estava nos alcançando, ela parou repentinamente e recuou também. Então, assumiu a forma de um Demônio, que depois de nos observar por alguns instantes, nos encarou com um olhar cínico.


_ Huh... Hahaha! Mas que coincidência maravilhosa... – O Demônio ergueu suas garras.

_ Você...!!! – Meu pai, que ficou muito nervoso com a presença daquele Demônio, estava prestes a sacar sua espada.

_ Mas, realmente... Eu havia prometido que ia voltar... Só não esperava que fosse agora... Queria guardar vocês pra mais tarde... – Então, ele foi se aproximando, lentamente... Seus passos eram fortes e precisos, então podia-se ouvir o som gerado pelos acessórios que ele tinha nas vestimentas.

_ Sniper... Então o atual Líder dos Demônios resolveu vir em pessoa me enfrentar? O Demônio responsável por matar Tsuki?... – Continuou meu pai, que estava mais nervoso a cada instante que se passava. Talvez ele mesmo não estivesse percebendo que suava frio.

_ Então... É mesmo o Sniper... – Eu pensava enquanto acompanhava a conversa deles.

Faz muito tempo desde o dia em que Sniper matou minha mãe. Naquele dia... Eu estava tão amedrontada que mal conseguia ver o que estava a minha frente... Treinei durante tanto tempo para matar uma criatura que sequer eu me lembrava da aparência... Realmente...

Sniper era realmente um demônio muito estranho. Ele não se parecia com nada que eu já tivesse visto antes. Ele possuía um rosto muito comprido, sua pele era negra, tinha olhos amarelos como os de um gato selvagem... Usava roupas estranhas, e tinha garras imensas... Ele era extremamente cínico e cruel.


_ Ah!! Que bom que você se lembra de mim... Fico lisonjeado... Eu também não me esqueci de você, Samurai idiota... Nem da sua filhinha metida, afinal, foi por ela que eu vim de tão longe... Bom, onde paramos oito anos atrás??... – Ele apontou suas garras na direção de meu pai. Então ele continuou:

_ ... Lembrei... Vim pegar o sangue desta menina... Mas ela fica pra sobremesa, primeiro, venha, meu aperitivo!! LUTE COMIGO!! – Sniper aproximou-se ainda mais, mas dessa vez, com mais velocidade.

_ SEU DEMÔNIO CÍNICO, DESGRAÇADO!!! – Então, meu pai retirou a espada da bainha, sacou-a e avançou rapidamente na direção de Sniper.

Eles se encontraram num ponto em comum, e pode-se ouvir o tilintar da Espada de meu pai com as garras do Sniper. As garras eram um pouco menores que a lâmina, mas tinham vantagem por estarem em maior número.

Então eles começaram a desferir ataques um contra o outro, em alta velocidade. Avançaram pelo corredor, e eu fui ficando para trás. Mais a frente, eu já não conseguia mais enxergar os dois, apenas quando via brevemente o reflexo luminoso do encontro entre a Espada e as Garras.

Corri para tentar alcançá-los. O som da luta ia ficando mais forte conforme eu me aproximava deles e a quantidade de golpes desferidos aumentava. Quando consegui chegar perto o suficiente para vê-los lutando, posicionei minhas mãos próximas uma da outra e passei a concentrar minha energia, o máximo que pude.

Fanfic Original ~by Gaby: Miyuki Miyuki

Pequenas faíscas saiam pela ponta de meus dedos. Meu poder elétrico estava maior naquela noite devido à tempestade incessante que ocorria lá fora. Enquanto isso, Sniper e meu pai continuavam a lutar, ferozmente. Podia ouvir-los trocando insultos. Percebia também, que às vezes, eles conseguiam atingir um ao outro de raspão, então, suas vestimentas estavam com alguns rasgos.

Quando meu pai sentiu a concentração da minha Energia Espiritual, rapidamente virou seu rosto para o lado, e dirigiu seu olhar para mim, como se não quisesse que eu atacasse Sniper. Este pequeno movimento, que não chegou a durar mais que alguns segundos, foi o suficiente para que Sniper aproveitasse a brecha e atacasse meu pai violentamente.

O Demônio fez um corte profundo na diagonal, rasgando a parte superior das vestimentas de meu pai, e ferindo seu rosto. Com o golpe, ele foi empurrado um pouco para trás e acabou soltando sua Espada. O sangue vindo de meu pai espirrou e atingiu meu rosto, minhas mãos, e parte de meu Kimono. Por um instante permaneci estática, enquanto observava meu pai ferido.

Naquele momento, a minha concentração de energia se desfez. Sentia medo.

Papai foi ferido gravemente, mas ainda estava vivo, e em pé. O ácido contido nas garras do Sniper propagou-se no corte feito no meu pai, e os efeitos estavam começando a surgir. Percebi quando ele passou a mão no rosto e esta ficou coberta de sangue. Eu estava acostumada a vê-lo voltar triunfante de suas batalhas... Sempre com um ferimento ou dois, mas...

Meu pai, ele que era um guerreiro tão forte, tanto fisicamente como mentalmente, estava sofrendo com um ferimento. Pela primeira vez pude presenciar uma cena assim. E, sentindo o sangue dele impregnado em mim, sofria igualmente. Não pela dor, já que eu não podia senti-la, mas sim, pelo desespero ao vê-lo naquele estado.

Sniper observou meu pai agonizando durante certo tempo. Dava pra ver o prazer que ele sentia pelo sofrimento alheio. Mas ele se mostrou muito impiedoso, como sempre, e voltou a atacar. Tentou perfurar meu pai com suas garras quando ele estava desatento. Novamente, meu pai se mostrou um guerreiro forte e conseguiu desviar para o lado.

Tem algo estranho nisso... Se ele conseguiu desviar agora, então porque da outra vez foi diferente??... Será que... A culpa é minha por ter tentado interferir na luta de meu pai...? Meu Deus... O que eu fiz??...

Antes que eu parasse pra pensar no que tinha feito, a luta entre os dois prosseguia. Após desviar sucessivamente do ataque do Sniper, meu pai saltou para trás e agachou-se para pegar sua espada. Com isso, ele conseguiu distanciar-se de Sniper. Então, assumiu uma posição de ataque, concentrando sua Energia Espiritual para dar o golpe final.

Percebendo isso, o Demônio avançou mais uma vez em alta velocidade. Eu mal conseguia acompanhá-los com os olhos. Meu pai segurava a espada com as duas mãos, e havia um círculo luminoso envolvendo ele. Sniper, por outro lado, possuia uma aura negra em seu redor, e os poucos segundos que levaram para que ele alcançasse meu pai passaram lentamente para mim.


_ Nossa luta de oito anos atrás acaba agora!! MORRA, DESGRAÇADO!!! – Gritou Sniper em fúria, cada vez mais se aproximando do meu pai.

Nisso, eu percebi que meu pai virou seu rosto na minha direção, e olhou nos meus olhos. Ele sorriu para mim, parecendo não dar mais atenção a luta. Isso não durou mais que alguns segundos. Fiquei muito surpresa com isso. Olhei fixamente para meu pai, mas então, em um piscar de olhos, o sorriso dele seria destruído para sempre.

Meus olhos se arregalaram quando vi Sniper perfurando meu pai no abdômen. Gritei com toda força que eu tinha, mas não saiu nenhum som da minha boca. Lágrimas grossas desciam de meus olhos. Nem parei pra pensar. Quando percebi, eu estava correndo na direção do Demônio, em desespero.

Meu pai chegou a encravar a espada no Abdômen do Sniper, e esta ainda possuia um brilho especial, graças a Energia Espiritual concentrada nela. Mesmo assim, isso não parecia incomodar o Demônio. Sniper atirou longe meu pai, que estava basicamente morto.


_ É mesmo um idiota. Até no último momento. Usando as mesmas estratégias de antes. Pensando ele que uma mera espadinha pode me deter. Há!! E eu ainda acreditava que ele era um oponente digno de mim. Patético... – Dizia Sniper enquanto lambia suas garras, cobertas de sangue do meu pai.

_ MALDITO, VAI ME PAGAR POR TUDO QUE FEZ!!! – Eu avancei para cima do Sniper, concentrando toda a minha energia na minha mão esquerda, para atacá-lo.

_ MENINA TOLA, QUEM VOCÊ PENSA QUE ESTÁ ENFRENTANDO??!! Acha que vai conseguir me atingir com sua Energia?? – Disse Sniper, em tom de superioridade.

Sniper tentou saltar para trás para desviar do meu golpe...

_ Idiota, eu não estava mirando em você!! – Rapidamente, segurei o cabo da espada com a mão esquerda, e graças a concentração de Energia Espiritual, consegui puxar a arma do Abdômen do Sniper.

Ao puxar a espada, vi que um líquido negro e grosso saia do corpo do Sniper. Por um instante, pensei que se tratasse de seu sangue. Mas quando o líquido atingiu o chão, notei que era ácido. Estranhei porque a espada ainda estava intacta, mesmo em contato com o ácido do Sniper. Só depois entendi que a Energia Espiritual do meu pai que estava banhada na espada protegeu o metal. E o ferimento do Sniper continuava a jorrar aquele ácido negro...

Como eu disse, desde o dia que Sniper matou minha mãe, venho treinando técnicas de defesa e controle da Energia Espiritual com meu pai, então eu sabia um pouco de Esgrima também. Segurei a espada com as duas mãos, corri na direção do Sniper e tentei atacá-lo frontalmente.


_ SEU DEMÔNIO MISERÁVEL!!! – Mas, no ultimo instante, ele desviou para o lado do meu golpe.

Quando notei que ele havia desviado, virei na sua direção e tentei atacá-lo novamente. Mas ele continuava escapando dos meus golpes, pois tinha muita agilidade.

_ VOCÊ MATOU MINHA MÃE OITO ANOS ATRÁS!!! POR QUÊ??? – E continuava tentando atacar, em desespero.

_ E AGORA... AGORA VOCÊ MATOU MEU PAI!!! EU NÃO ENTENDO!!! NÃO ENTENDO!!! – Continuava gritando, e percebia que Sniper não dava valor ao que eu dizia.

_ NÃO FIZ NADA PARA VOCÊ, SNIPER, NADA!!! – Mais lágrimas escorriam pelo meu rosto... Eu já estava ficando sem forças de tantos golpes sem sucesso – ME RESPONDA!!!!!

_ É UMA IMBECIL!!! NEM SABE DO QUE ESTÁ FALANDO!!!

Eu me espantei com a reação dele, e parei de atacar. Ele continuou:

_ NÃO TEM NEM IDÉIA, NÃO É??!! É IMBECIL E IDIOTA!!! E AINDA PENSA QUE PODE ME ATACAR!!!
OLHE PRA MIM, OBSERVE O QUANTO EU SOU SUPERIOR A VOCÊ!!! – E dizendo isso, apontou para o abdômen com as garras e notei que seu ferimento estava curado.

Fiquei mais surpresa ainda. Naquele momento, eu percebi que não tinha chances contra ele...

_ ISSO MESMO!!! FIQUE ASSUSTADA!!! TENHA MEDO DO MEU PODER!!! AJOELHE-SE DIANTE DE MIM!!! VEJA!!! SEU PAI NÃO ESTÁ MAIS TE PROTEGENDO, GAROTA!!! – Então ele segurou a lâmina da Espada e a apertou com força. O ácido começou a escorrer por entre suas garras e deslizou por toda a espada, derretendo-a. Mesmo assim, não a soltei.

Não tinha mais como reagir. Mais lágrimas escorriam do meu rosto. Neste momento, eu já estava completamente desiludida. E como Sniper falou, me ajoelhei e fiquei imóvel... O Demônio se agachou para se equiparar à minha altura, segurou meu queixo com força... Aproximou seu rosto do meu.

_ Olha só quanta pureza... Quanta delicadeza... Quanta fragilidade... E pensar que logo logo você será devorada por mim... Queria ter me divertido mais com você... Ver você gritando de dor e observar seu rosto de sofrimento seria meu maior dos prazeres... É uma pena que eu seja muito guloso, não acha...? – Ele se levantou, e me ergueu, puxando pelo Kimono. Continuou falando:

_ Mas quem sabe, talvez eu deixe você viver por enquanto e quando eu me cansar de você, eu te devoro. Afinal, eu não tenho mais pressa em obter seu poder... Que tal assim? PORQUE VOCÊ NÃO VAI PEDIR PERMISSÃO AO SEU PAI PARA FICAR COMIGO, EIM?!!! – E dizendo isso, me golpeou com um chute forte no abdômen e eu fui arremessada longe...

Senti muita dor naquele momento. Não sei descrever. Mas sei que já senti coisas piores. Porque a dor de perder alguém que se ama é algo sem igual...

Quando atingi o chão, me contorci pela dor que estava sentindo no abdômen e lacrimejava sem fazer som. Havia sangue escorrendo pela minha boca. Queria chorar, mas desta vez não estava conseguindo. Foi nesse momento que percebi que meu pai estava próximo de mim. Fui me rastejando até ele...


_ P-Pai... Perdoe-me... Eu não consegui vingar... A mamãe..... Pai...!! – Eu falava com dificuldade, pois estava com muita dor. Segurei uma das mãos de meu pai, e quase não houve reação. Ele estava tão gelado...

_ Miyu... Ki... Onde...

_ Pai!! Você... Ainda está vivo..... Meu Deus... – Quando já estava próxima de meu pai, observei seus ferimentos. Eram muito profundos... Não, eles atravessaram completamente o corpo dele... Havia sangue por todos os lados. Era uma visão horrível.

_ Quem deve... Pedir perdão... Sou eu..... – E dizendo isso, mais sangue saia da boca do meu pai.

_ Não, pai, por favor. Não fale... – Me ajoelhei próxima a ele, larguei a espada, e juntei as mãos sobre seu ferimento, tentando curá-lo. Eu sabia que não restava muito tempo para meu pai, mas ao vê-lo, não queria desistir. Não queria que acontecesse o mesmo de oito anos atrás...!!

_ Não use sua energia. É tarde... Demais... Para mim... – Com dificuldade, ele segurou minhas mãos – Agora... Você tem... Derrotar Sniper... Ir... Ao Mundo dos Humanos..... E encontrar o escolhido... Portador... Da... Espada Matriz...

_ O que o senhor está dizendo...?? Não há como derrotar Sniper... – Respondi, de cabeça baixa. Ouvi passadas no corredor naquele momento, e sabia que era o Demônio se aproximando.

_ Você... Consegue... Afinal, você... É minha filha..... Não desista... – Disse meu pai, sorrindo. Mesmo sofrendo, ele ainda conseguia sorrir para mim.

_ Pai..... Meu pai...!!! Por que tem que ser assim.....?? – Coloquei as mãos no rosto, para não demonstrar fraqueza nos últimos instantes de vida do meu pai.

_ Porque... Essa é a vontade dele.....

Neste momento, Sniper se aproximou de nós. Ao contrário das outras vezes, ele não usou sua alta velocidade, mas sim, veio caminhando lentamente... Ele parou a cerca de seis metros de mim.

_ Dessa vez vim bem devagar... Pra dar tempo pra essas despedidas melosas. Se quiser vir comigo, fale agora, ou vou calar você pra sempre... – Sniper novamente preparava suas garras para o golpe.

_ PARE COM ISSO, SNIPER!!! – Estiquei os meus braços o máximo que pude, para defender meu pai. Ergui uma redoma de proteção com a energia que me sobrara.

_ É impressionante como vocês adoram usar as mesmas técnicas. Vocês não têm um pingo de criatividade. NÃO MERECEM SOBREVIVER EM LUTA!!! QUANTAS VEZES EU TENHO QUE REPETIR??!! E EU AINDA ESTAVA TÃO INTERESSADO EM DEIXAR VOCÊ VIVER!!! SUA IMPRESTÁVEL!!! AGORA EU PERDI TOTALMENTE A VONTADE!!! VÁ PARA O INFERNO E LEVE ESSE INÚTIL COM VOCÊ!!! – E dizendo isso, lançou projéteis em forma de lâminas na nossa direção, vindos de suas garras.

Os projéteis rapidamente atingiram minha barreira, quebrando-a em vários pedaços, como uma fina tela de vidro... Mesmo que eu não quisesse desistir, com isso eu percebi que era o meu fim. Sniper continuava vindo em nossa direção... Será que eu vou morrer aqui?...

Mas, pensando bem... Não seria má idéia morrer aqui... Minha mãe já se foi. Também poderia ficar ao lado de meu pai. “Eu não desejo nada além disso”, era o que eu pensava no momento. E aceitei a morte.

Quando finalmente parecia que eu iria morrer, um vulto surge na minha frente, me protegendo.


_ NÃO VOU PERMITIR!!! MIYUKI, VOCÊ DEVE VIVER!!!

Meus olhos arregalaram-se mais uma vez. Era meu pai. Meu pai ferido, abatido, à beira da morte, ali, me protegendo com suas últimas forças... Ele virou-se para mim e sorriu.

Jamais esquecerei aqueles momentos finais...

Os braços erguidos, e as costas largas... O Kimono encharcado de sangue... O cabelo longo e sedoso...

Aquele sorriso tão reconfortante, destruído para sempre, pelas garras do emissário do mal.

O sangue que cobria meu rosto. Meu corpo estremecia, sem me obedecer.

E o que antes era meu pai, agora era um corpo energético luminoso, na palma de Sniper.


_ ... E então, o Samurai idiota finalmente encontrou a morte e foi feliz para sempre com sua mulherzinha nojenta no outro mundo... HÁ!... HAHAHAHAHAHAHA!!!!!... – Ele ria perversamente, de forma paranóica e enlouquecida...

_ Devolva.

_ ... O QUE HÁ?!!! DISSE ALGUMA COISA?!!! QUER SE JUNTAR TANTO ASSIM A ELES?!!!

_ Devolva meus pais...

_ HAHAHAHA!!! Enlouqueceu de vez!!! Que maravilhoso!!! Não se preocupe, LOGO VOCÊ ESTARÁ AO LADO DELES!!! E EU SEREI O SER MAIS PODEROSO DO UNIVERSO!!!!! – Sniper expandiu suas garras, preparando-se para me acertar. A energia que sobrara do meu pai ainda estava ao seu lado.

_ DEVOLVA AGORAAAAAAA!!!!!

Naquele momento, eu perdi quase que completamente a minha consciência. Não tinha noção do que estava fazendo, o que iria acontecer depois. Talvez, como Sniper disse, eu tenha enlouquecido. Seja o que for, eu senti uma energia imensa fluindo pelo meu corpo. Algo que jamais havia sentido antes... Em mim ou em qualquer outra pessoa.

Eu me sentia capaz de qualquer coisa...

Encarei Sniper de forma que ele entendeu que eu estava prestes a fazer alguma coisa. Ele pareceu desconfiado, então não quis esperar mais.


_ Tsc...!! Não posso acabar aqui agora! Não deveria ter esperado para obter o sangue dessa criatura... MORRA AGORA!!! – E me atacou com suas garras... Porém, no último instante, eu consegui segurar sua mão.

_ ISSO... ISSO NÃO É POSSÍVEL!!! Como essa garota imprestável conseguiu segurar minha mão?!!

Uma brisa forte invadiu o local, mas não aparentava ter vindo do lado de fora... Era algo com vida própria... Sniper foi arremessado um pouco longe de mim, soltando-se de minha mão, mas eu me mantive imóvel. A pressão que a minha própria energia exercia sobre meu corpo era tão forte, que nem conseguia me erguer. Continuei ajoelhada. Meus longos cabelos voavam acompanhando o vento.

Meus membros latejavam... De onde surgia tanta energia, tanta força? Eu, que já tinha me rendido, que já tinha aceitado a morte... Parecia que eu não ia aguentar, e iria ser destruída pelo meu próprio poder. Palavras vieram à minha boca, de uma inspiração que eu não conhecia.


_ TEMPESTADE DE NEVE!!!!

Sniper olhava maravilhado para meu poder, minha energia. Ele gargalhou muito, e então veio até mim, com muita dificuldade, enfrentando a ventania que aumentava gradativamente.

_ IMPRESSIONANTE!!! EU NÃO JÁ NÃO DAVA MAIS TANTO VALOR A ESTE PODER POIS EU JÁ ESTOU NO MEU LIMITE... Mas este poder... Não é possível... Está ainda mais forte do que naquela época... Eu realmente preciso deste poder!! Eu quero este Poder... Poder... ABSOLUTOOOO!!!!!

Ele agitava suas garras no meio do ar, tentando alcançar meu corpo... Ainda não estava próximo o suficiente. Corria, mas as pernas deslizavam no chão, pois o vento era muito forte, e estava o empurrando longe. Em um determinado momento, ele passa a garra de raspão no meu rosto, e coleta um pouco do meu sangue. Cheira e lambe. Então, ri cruelmente.

_ AHAHAH... IDÊNTICO A OITO ANOS ATRÁS... O MESMO SABOR PURO... E O PODER AINDA MAIS FORTE!!!! ENTÃO ERA MESMO VERDADE!!!! ERA VERDADE, SEU DESGRAÇADO!!!!

_ Morra. – Eu disse, de cabeça baixa.

A tempestade de neve alcançou seu auge máximo, e circulava com força no local... Eu era imune a tal força, e a baixa temperatura, mas ainda assim, a pressão que a energia espiritual criava sobre mim era tão intensa que enfraqueci rapidamente. Se este golpe não funcionasse, não haveria mais escapatória.

Sniper, ainda rindo de forma escrizofenica, parecia não se importar com mais nada e congelava aos poucos. Se bem que, mesmo que ele tentasse fazer algo, ele não teria como enfrentar a tempestade. Acho que no fundo ele sabia disso, portanto, nem esboçou reação.

Conforme o corpo dele ia congelando, a tempestade também ia ficando mais e mais fraca... Quando Sniper tornou-se um esquife de gelo por completo, subitamente, destruiu-se em inúmeros pedaços, como um frágil cristal. E então desapareceu para sempre.

Eu desabei no chão. Não agüentava mais nada. Olhei para o lado, e vi a espada de meu pai, a única coisa que sobrou, a única prova real de sua existência, além de minha memória. Também havia suas roupas e a bainha da espada. Me arrastando pelo chão, cheguei até a espada, guardei-a na bainha, e a segurei firme, como um tesouro valioso. E a energia de meu pai ainda estava ali. Me envolveu como um manto, ainda querendo me proteger de tudo e todos.

Curou meus ferimentos, e me aqueceu, como sempre fez, enquanto vivo.


_ Pai... – Deitada, presa àquela arma mortal, presa às minhas lembranças queridas e dolorosas, respirava lentamente.

Aos poucos, a energia do meu pai ia desaparecendo, pois já não possuia corpo para permanecer naquele mundo. Me abandonando...

_ Não me deixe... Pai... O que será de mim... O que será do meu mundo?... Não aguento mais...!!! Os Samurais na fronteira... Nossos companheiros... Não sei se eles resistiram... Se o Sniper chegou até nós... Se ninguém veio nos ajudar durante a luta, então é tarde demais. Para onde eu vou? Não posso ir para o Mundo dos Vivos... Eu não tenho permissão, muito menos energia..... Não tenho mais ninguém ao meu lado... Eu quero morrer.....

Neste momento, eu já sabia que meu pai não existia mais... Senti como se estivesse sendo empurrada, talvez tenha sido delírio meu, devido ao cansaço e a falta de energia espiritual... Já havia desmaiado, então, não sei o que aconteceu. O Mundo Espiritual parecia tão distante de mim agora.

Eu queria ir para o Mundo dos Humanos, mesmo contra a lei. Eu gostava tanto de ouvir as histórias sobre as atividades humanas. Mesmo que as Guias dissessem que o Mundo dos Vivos por vezes era pior que o Mundo das Trevas.

Mas... Mesmo que... Mesmo que eu conseguisse ir... Ele não irá durar muito... Será uma miragem infinita no plano dimensional... Os demônios... Irão conquistá-lo, destruí-lo... E seguir para o próximo mundo...

Por favor, alguém... Leve-me ao encontro dos meus pais. Não tenho mais nada a perder!!... Nem mesmo esse sonho infantil meu se realizará... Nem mesmo consegui me vingar corretamente da minha mãe, ao invés disso, perdi também o meu pai. Perdi todos que amava, e meus companheiros...

Será que algum humano pode me conceder esse desejo? Se sim, por favor, me mate.


~ Fim do Flashback ~


@EDIT – Editei por causa de algumas pequenas frases e redundâncias corrigidas. E coloquei em forma de quote, que fica mais bonito XD~~ Se encontrarem erros, não deixem de comentar =3


Última edição por GabyBakaChan em Ter Jan 26 2010, 20:02, editado 11 vez(es) (Motivo da edição : Eita, minha obscessão por perfeição nesse post me fez editar 10 vezes? x.o)
GabyBakaChan
GabyBakaChan
Alquimista Federal
Alquimista Federal

Feminino Mensagens : 68
Idade : 30
Localização : MiauTheWorld-lândia

http://tinyurl.com/fma-sign-it

Ir para o topo Ir para baixo

Fanfic Original ~by Gaby: Miyuki Empty Re: Fanfic Original ~by Gaby: Miyuki

Mensagem por GabyBakaChan Seg Mar 01 2010, 03:19

Essa parte que estou postando agora é um pouco mais tranquila. E talvez demore UM POUQUINHO para termos novas lutas, mas por favor, continuem acompanhando a história x3 Mesmo que eu só poste de tempos em tempos... x_x

Para concluir essa parte, tenho que fechar o Flashback, e os "esclarecimentos" da Miyuki para os Kuroshike. Estou escrevendo o Flashback com muito cuidado para não haver conflitos com a Storyline, pois se passa alguns anos antes da Luta que vocês viram na parte anterior '-'~~ Ah, e claro, ele não é gigantonorme feito a luta Miyuki x Sniper >_<~~

GabyBakaChan escreveu:
~ Tempos atuais ~

De repente, as memórias voltaram a mim. Acredito que com a seqüência de desmaios eu tinha esquecido o que havia acontecido. Meus olhos estavam pesados, prestes a chorar, a qualquer momento. A garota ainda me olhava, buscando respostas, esperando que eu continuasse a falar.

_ Sim... Por favor, continue...

As palavras fugiram da minha boca... O que eu poderia dizer?

_ Eu sinto muito... Eu não sei o que dizer... Eu não sei onde estou, nem o que eu estou fazendo, eu-

Ouvi o tilintar dos adereços da bainha da espada e parei repentinamente.

_ Eu preciso da sua ajuda, senhorita!! – Me curvei, implorando a ajuda daquela desconhecida.

_ C-Como? Desculpa... Não estou entendendo nada!... – Ela olhava para aquele garoto, que estava um pouco afastado, e voltava a olhar para mim. Parecia confusa.

_ Perdoe-me por pedir algo tão egoísta à senhorita... Por favor, receba a espada de meu pai e ponha um fim à minha vida!! A senhorita que deve ser a Princesa do lorde deste castelo, certamente saberá o que fazer!! – Curvada, em desespero, oferecia a espada de meu pai à garota, erguida sobre minha cabeça.

_ HEIM?! O QUE VOCÊ TÁ FALANDO?! – Ela respondeu de tal forma que eu levantei a cabeça para observar a reação dela – Dar um fim na sua vida? É Miyuki, certo? Se esse for seu nome mesmo, é melhor parar com essas palhaçadas!! Ou melhor, se você quiser se suicidar, faça isso sozinha!!

_ Mas... Mas... Eu estou falando a verdade, senhorita... Eu preciso morrer, aqui e agora... Mas não conseguirei sozinha, eu....

_ ...

_ Eu não tenho para onde ir... Nem sei onde estou... Não sei o que devo fazer... Por favor, me ajude!! Me mate!!

_ Meu Deus! Olha só para você! Essas roupas, que são quase um Kimono de Samurai! E essa espada?! É uma réplica? Parece até real! O que você é afinal? Uma Otaku de Kendo misturada com Hikkikomori?

Não entendia nada do que a garota dizia... Talvez ela não esteja acreditando em mim... Será que ela não é a princesa desse castelo? Quem... Não... O que ela é?...

_ Tudo bem, Miyuki, eu vou entrar na sua brincadeira Otaku! Me dê sua espada, irei finalizar sua existência!!! – Ela falava usando expressões faciais diferentes, e poses exageradas com as mãos.

Entreguei a espada a ela, mas ela não aguentou o peso. Eu segurava apenas com uma das mãos, ela segurou com as duas.

_ ... Nossa... Ei... Essa espada é bem pesada né... O que será isso? Será que é de verdade mesmo...? – Agora ela já estava parecendo um pouco mais assustada – Takeda, venha aqui um instante!

O garoto se aproximou devagar... Então o nome dele era Takeda-san?... Ele olhava para mim sem expressão, como se me ignorasse. Ele pegou a espada, apenas com uma das mãos, olhou-a de cima a baixo, e então a removeu da bainha. A lâmina estava enferrujada...

_ Não entendo nada de armas. Mas parece ser de verdade mesmo. Hanako, essa garota não teria como entrar por meios convencionais, o lugar está cheio de seguranças. Ela estava desmaiada no jardim antigo, e ali não tem nenhuma parede ou muro... Também não tem passagens subterrâneas. Ela pode estar falando a verdade.

A voz dele era grossa e precisa. Ele estava bem sério. Olhava diretamente para a garota. A propósito, o nome dela é Hanako-san? Hanako-san e Takeda-san... Mas eu não deveria saber seus nomes ainda, não nos apresentamos devidamente...

_ Verdade?! Que verdade? Ela é algum tipo de personagem de Mangá materializado no nosso mundo? Justamente aqui, na Mansão dos Kuroshike?!

_ Não brinque com isso. Eu estou com uma espada enorme, posso te matar aqui, e agora!!

_ Waa, que medo, Onii-Chan! – Ela se virava. A voz dela estava engraçada!

Espere. Mansão dos... Kuroshike? Não é um palácio? Onii-Chan? Então Hanako-san e Takeda-san devem ser irmãos. Acredito que o melhor a fazer agora é ir embora, estou incomodando uma família inocente...

_ Se vocês não podem me ajudar... Então não devo incomodá-los. Eu sinto muito. Estou me retirando. Poderiam devolver a espada de meu pai?

_ ... Aqui. – Takeda-san me devolveu a espada – O que você vai fazer?...

_ Eu já decidi. Não há mais volta. Eu quero morrer. Eu vou morrer. Não importa onde seja. Irei encontrar um local, onde não atrapalhe mais ninguém! E vou dar um fim na minha existência. – Estava de cabeça baixa.

_ Por quê?!

_ ... Eu... Eu... Eu não preciso dizer isso... Eu não quero tocar neste assunto... Estou me retirando. Com sua licença... – Disse, levantando-me.

De repente, ele coloca as mãos nos meus ombros, e me fita profundamente. Exatamente como meu pai havia feito há pouco tempo atrás. Fiquei sem reação, e acabei sentando novamente naquele objeto macio.

_ Não jogue sua vida fora, não faça isso! Nós não vamos deixar! Eu não vou deixar! Não enquanto você não explicar tudo o que aconteceu! E como você veio parar aqui! Até porque, Miyuki... Você não sabe como voltar. Você nem deve saber como sair daqui!... – Primeiro, falou com firmeza, mas nas últimas palavras, um sorriso fácil preenchia seu rosto.

Quanta determinação... Quanta determinação para salvar essa existência perdida que sou eu...

E nesse momento eu não agüentei mais segurar. Lágrimas jorravam pelo meu rosto, meu corpo tremia. Eu segurava firme a espada, as lágrimas caiam nela. Pai, mãe... Perdoem-me por ser tão fraca. Mas pelo visto, ainda não vou desistir. Ainda vou viver.

Não sei o que vai ser de mim, do Mundo Espiritual, ou do Mundo dos Vivos... Mas... Estou viva.


_ Takeda... – A garota, Hanako-san, olhava para seu irmão – Tudo bem então, não tem jeito. Miyuki, é melhor que você nos conte tudo! – Ela suspira, e depois se levanta.

_ Mas Miyuki, você vai ter que trocar de roupas primeiro!

_ Puxa vida, você é obsessiva com isso mesmo, não é... – Takeda-san parecia meio preocupado. Obsessiva... Com o quê?...

_ Não é nada disso, irmão idiota! O Kimono dela está cheio de sangue, e ela está toda suja! Eu sei que precisamos saber a história da Miyuki, mas ela vai chamar muita atenção dos empregados se sair andando por aí assim!

_ Bom... Acho que você tem razão. – Ele virou o rosto para o lado, desviando seu olhar da irmã.

_ Ufa, finalmente você concordou em algo comigo! Caramba... – Ela suspirava novamente, mas tinha algo de diferente do primeiro suspiro – Venha, Miyuki! Você fica aí, Takeda!

Takeda-san sentou no objeto macio e ainda parecia preocupado. Hanako-san pegou na minha mão e me puxou, me levantando... Para onde a Hanako-san vai me levar?...

_ Hum... Com licença... Kuroshike-san-

_ Hanako! Pode me chamar de Hanako! – Ela sorriu para mim.

_ Mas... Mas não temos tanta intimidade assim!...

_ E qual o problema? Já cansei de ser chamada de Kuroshike pelos empregados... Me chame de Hanako, pelo menos!

_ Certo... Hanako-san... Para onde estamos indo?.... – Ela ainda me puxava.

_ Você vai tomar um banho e vai descansar!

Descansar? Eu?... Nossa... Geralmente eu estaria treinando a essa hora... Com... Meu pai.....

Parei de repente.


_ O que houve? Não quer tomar banho? – Ela parou também, e olhou para mim.

_ Não... Acho que eu só estou incomodando...

Ela olhou para mim por uns instantes e se aproximou.

_ Sabe, Miyuki... Agora pouco, não estava acreditando em você. Desculpa. Por causa da minha família, nós já sofremos várias ameaças de pessoas perigosas. Isso me cansa muito, pois não posso confiar em qualquer um, e sempre tem seguranças ao nosso redor... Mas agora deu para perceber que você não é má pessoa! – Ela sorria de forma gentil para mim.

_ Mas eu posso não ser quem você espera, Hanako-san...

_ Não acredito que você seja tão mal assim, sendo tão retraída! – Ela gargalhava – Isso não importa agora, só quero saber das suas histórias depois do banho! Entendido? – E começou a me puxar de novo.

_ A-Ah... E-Entendido...

Comecei a acompanhar o ritmo da Hanako-san de andar. E andamos um pouquinho, até; Subimos escadas e passamos por corredores. O lugar não era nada parecido com a Passagem... Será que este não é o Mundo Espiritual?... Será que?...

A Hanako-san não deve ter percebido, por estar de costas, mas eu tinha lágrimas nos olhos. Mesmo eu estando tão triste, já me sentia um pouco reconfortada, só com essas demonstrações de afeto, para com uma desconhecida.

Ela é incrível... Ela passa muita segurança e alívio para as pessoas ao seu redor. E talvez nem saiba disso.


_ Algum problema, Miyuki? – Ela virou-se para trás.

_ Ah... Não, não. Não é nada! – Parecia até que ela estava lendo meus pensamentos.

_ Sei... Bom, desculpe pela demora, mas aqui é um dos nossos banheiros. – Ela abriu uma porta.

Hum, como posso descrever aquele lugar... No Mundo Espiritual havia banheiros também, mas eram diferentes. Na verdade, tudo o que eu via naquele lugar era diferente, como já disse antes.

Para começar, o chão não era feito de tatami, e a decoração era muito brilhante e diversificada. Mas aquele banheiro me chamou a atenção; Não tinha nada feito de madeira nele... Por outro lado, os materiais pareciam mais resistentes...

Eu olhava ao redor. Era um local amplo, e com uma iluminação estranha. Realmente não conheço nada aqui. Então, como eu suspeitava, não era o Mundo Espiritual.

Enquanto eu estava perdida nos meus pensamentos, Hanako-san preparava a água do banho, e acrescentava alguns líquidos na mesma. Um cheiro agradável preencheu o ambiente...


_ É lavanda. – Disse Hanako, sorrindo para mim.

_ ... C-Como?

_ Ah, é que você parecia estar gostando do cheiro. Não conhece?

_ É um cheiro familiar para mim... Talvez já tenha sentido em alguma flor.

_ Bom, a água já está pronta. Certo... Aqui tem toalhas, e você pode ficar à vontade. Mas não demore muito ou você pode ficar zonza. Daqui a pouco eu venho trazer umas roupas minhas para te emprestar.

_ Hum? Roupas?... Não, não precisa, eu posso usar minhas roupas normais mesmo...

_ Nada disso! Esse kimono está rasgado e sujo. Eu já disse antes, os empregados vão suspeitar de você! E não posso deixar isso acontecer! Você pode acabar sendo expulsa daqui! – Disse ela, me encarando.

E-Expulsa?!...

_ Se é assim, então, tudo bem.

_ Vou virar de costas, certo, Miyuki? Prometo que não olho. Tire as roupas e entre na banheira. Preciso encontrar um jeito de lavá-las separadas das demais.

Fiz como Hanako-san havia me pedido. Entrei na água, e o cheiro da lavanda ficou ainda mais intenso. Mas sim, era agradável e reconfortante. Hanako-san pegou meu kimono e parecia surpresa.

_ Hum? A roupa... A roupa mudou..... Agora é um Yutaka... Como... Como pode? Agora pouco eram duas peças... – Os olhos arregalados e a expressão surpresa da Hanako-san revelavam que ela nunca havia visto algo do tipo antes.

_ Ah. Aquela é a forma de combate. Algum problema, Hanako-san? – Eu não entendia tamanho espanto dela.

_ F-Forma de combate? Falando assim parece mesmo que eu entrei num Anime. – Ela olhava para mim, com a mesma expressão. Da mesma forma que ela não entendia o que para mim era tão normal, eu não entendia os termos que ela utilizava.

_ ... Ok, Miyuki. Eu realmente não estou entendendo. Mas quando você terminar, eu quero que explique tudo, certo? Volto logo. Fique aí, entendeu?

_ Sim...

Hanako-san saiu com meu kimono e fechou a porta. Eu afundei na banheira com água morna, mas meus cabelos flutuavam na água. Eu pensava no que seria de mim de agora em diante. E pelo visto, não tenho escolha a não ser contar tudo para os Kuroshike...

Até porque eles estão insistindo, e precisam saber da verdade. É justo. Pois, ao contrário deles, eu finalmente entendi o que está acontecendo. Eu finalmente entendi onde estou. Não sei se isso pode ser considerado sorte ou azar...

Mas por culpa minha, por ter desejado tão firmemente, acho que acabei vindo parar no Mundo dos Vivos.

Sim... Tudo faz sentido agora... A principio eu não estava reconhecendo nada, mas as Guias já haviam me falado a respeito... Sobre os objetos macios, os brilhantes, sobre a beleza de grandes jardins... Sobre as comunidades que os vivos criam e desenvolvem ao longo da vida... Sobre a hospitalidade de alguns e a maldade de outros. Sim...

Neste momento, memórias permeavam a minha mente.


~ Alguns Anos Atrás, no Mundo Espiritual ~


Era um dia comum. Todos os meus dias eram comuns. Eu olhava as nuvens, conversava com as Guias e treinava com meu pai para melhorar minhas habilidades em luta. Estava à espera dele, que havia sido designado para mais uma missão na fronteira dimensional.

_ Miyuki! Miyuki, minha filha. O Mestre do Mundo Espiritual está à sua procura! Devemos ir até o Pilar Central imediatamente. – Dizia meu Pai, vindo em minha direção. Ele parecia muito bem, então a missão deve ter sido um sucesso.

_ Algum problema, meu pai? Não acredito que eu tenha infringido alguma Lei Espiritual... Porque o Mestre deseja falar comigo?

_ Não se preocupe. Não é nada desse gênero. Ele apenas precisa trocar alguma palavras. Venha comigo. – Meu pai sorria, me acalmando.

Era a primeira vez que eu deixava a Passagem. Então meu pai me acompanhou, pois eu não conhecia o caminho.

O Mestre do Mundo Espiritual é o responsável por coordenar todos os tipos de Criaturas Espirituais e suas funções. E claro, fazer os registros dos Espíritos que faziam a travessia pelo Rio Sanzu e seus destinos.

Para falar a verdade, era a primeira vez que eu tinha uma conversa direta com o Mestre, pois se tratava de alguém muito ocupado. Por isso mesmo, achei estranho ele dedicar um tempo única e exclusivamente para mim, uma criatura espiritual comum. Ou pelo menos, era o que eu acreditava naquela época.

Atravessamos o enorme corredor da Passagem, e no caminho haviam várias Guias indo em todas as direções, cada uma delas com suas funções. Eu só conseguia conversar com elas após elas concluírem os serviços. Mas quanto mais adentrávamos o Mundo Espiritual, mais eu percebia o quanto este era um lugar de trabalho constante. E que eu não possuia nenhuma função naquele meio.


_ Filha, eu entendo que você e as Guias sejam muito próximas. Quando voltarmos, você poderá conversar com elas. Devemos ir rápido, ou o Mestre não terá tempo para nos falar. Vamos.

Apressamos o passo. E finalmente, chegamos ao Pilar Central. Era uma construção alta, com escadarias nas quatro direções, o que indicava que não importando o Pilar de onde você viesse, você poderia acessar facilmente o Pilar Central. Subimos a escadaria que estava a nossa frente. Eu não me cansei, pois estava acostumada com meus treinamentos de resistência. Mas e meu pai, que acabara de voltar de uma missão?

Quando chegamos, uma das servas do Mestre rapidamente nos identificou.


_ Ah. Chegaram. Por favor, Kojiro-dono, Miyuki-dono, sigam-me. O Mestre está a espera de vocês. – Disse ela, que seguiu na nossa frente.

As Servas do Mestre, também conhecidas como Assistentes, eram parte de uma classe distinta de Criatura Espiritual, ou seja, acima das Guias e os Samurais. Suas funções limitavam-se a prestar serviços diretamente ao Mestre, como o próprio nome já revela.

Mas algumas Guias comentavam que elas também eram as Gueixas pessoais do Mestre, o que não é de se espantar: Elas utilizavam Kimonos mais elaborados, com detalhes a mais, que faziam a diferença. E eram todas belas, elegantes, e com extrema disciplina.

Enquanto caminhávamos, a cena que presenciamos na passagem repetia-se aqui no Pilar Central: Várias criaturas espirituais muito ocupadas, em todos os lugares possíveis.


_ De fato, você é uma garota muito curiosa, não é mesmo, Miyuki-dono? – Disse a serva, virando-se para mim.

_ Ah... Não... Não diria curiosa... É que tudo é muito novo para mim. É a primeira vez que saio da Passagem.

_ Minha nossa, mas que honra. Sair da Passagem diretamente para a Sala do Mestre. Você é realmente privilegiada, Miyuki-dono! – Disse ela, sorrindo. Continuava andando.

Fiquei sem jeito. Mas não esperava muita coisa dessa conversa com o Mestre. Afinal, eu nem sabia com exatidão o que iria acontecer em sua sala...

Até chegarmos à sala do Mestre, eu e a Serva, que se apresentou para nós como Tomoko, conversamos sobre coisas simples. Ela me fez vários elogios. Se bem que nesta situação, deveria ser o contrário.

Conversar era uma das coisas que eu me tornei habituada a fazer. Já meu pai, era uma pessoa muito reservada, e apenas nos seguiu em silêncio. Mas eu sabia que isso era apenas na frente das outras Criaturas Espirituais. Comigo ele era carinhoso e gentil, e por vezes severo, principalmente durante os treinamentos. Era algo especial para mim, conhecer outro lado daquele Samurai tão dedicado à sua tarefa.

E quando paramos diante da porta da sala do mestre, o clima de descontração entre mim e a Tomoko-san se quebrou. Ela assumiu uma postura mais séria, o olhar parecia diferente. Já eu, fiquei um pouco mais tensa.


_ Mestre. Como pedido, acompanhei o Samurai Kojiro e a Jovem Miyuki. – Ela estava curvada, em postura de cumprimento, em frente à porta.

_ Ah sim, ótimo! Tomoko, pode mandá-los entrar. – Uma voz calma e pacífica veio do outro lado da porta.

_ Perfeitamente. – Ainda na mesma posição, Tomoko-san usa sua Energia Espiritual para abrir as portas de correr da sala do Mestre.

Eu e meu pai adentramos à sala. E de repente, ouvi um sussurro, em voz mínima... Um “Boa sorte”, interrompido pelo som do fechamento da porta de correr. Um pequeno sorriso brota no meu rosto. Era o início de uma nova amizade.

_ Mestre! – Iniciou meu pai – Estamos aqui conforme sua solicitação. Como podemos ajudá-lo? – Ele se curva, em sinal de grande respeito. Eu o acompanho, para não causar nenhum tipo de má impressão.

_ Não se preocupem com as formalidades. – Diz o Mestre – Por favor, aproximem-se. Não estão aqui para receber punições nem advertências. Apenas quero fazer um comunicado para ambos.

_ Como desejar. – Meu pai, apesar do pedido do Mestre, ainda mantém um tom formal no falar e no agir.

A sala do Mestre era larga. Haviam algumas janelas, e a luz entrava por elas. As paredes estavam decoradas por diversos pergaminhos e um ou outro amuleto. Lá estavam apenas nós e o Mestre. Era um pouco solitário. Isso indicava que o Mestre havia reservado aquele momento apenas para nós. Nem mesmo suas assistentes estavam permitidas à entrar, como foi o caso da Tomoko-san.

Nos aproximamos bastante de sua mesa, e sentamos em seiza no chão, que estava repleto de almofadas macias, prova da soberania e privilégios que só o Mestre poderia ter.


_ Antes de começarmos. Jovem Miyuki, você pode interromper o manto espiritual que está sobre seu yukata? Não precisa usá-lo aqui. Esta sala é o lugar mais seguro de todo o Mundo Espiritual. Eu quero que você e seu pai fiquem bem à vontade para conversamos sem nenhum tipo de interferência. – Disse o Mestre, sorrindo.

O Mestre, que possuia um ar jovial, estava se mostrando uma pessoa muito calma e pacífica, independentemente de suas questões burocráticas com o Mundo Espiritual. Mas fui surpreendida mesmo por sua incrível percepção: Ele conseguiu identificar meu Manto Espiritual sem nenhum esforço. Era, de fato, um Mestre.

Como foi me pedido, cancelei a concentração de energia espiritual sobre minha roupa, que mudou de aparência. Tornou-se um Yukata simples, azul e sem estampas.


_ Excelente. Pois bem. Eu chamei ambos aqui, mas quero aproveitar e deixar bem claro desde já que o motivo desta conversa está relacionado principalmente à Jovem Miyuki. – O Mestre iniciou seu diálogo e ambos eu e meu pai, escutamos atenciosamente.

_ Jovem Miyuki. Eu tenho conhecimento de que você atualmente está vivendo no Pilar Passagem, e que é grande conhecida das Guias que transitam por lá todos os dias. Que você conversa sobre o Mundo dos Vivos com elas. E que hoje é a primeira vez que você saiu de um Pilar e veio para cá.

Impressionante. As Assistentes informam tantas coisas assim para o Mestre? A sensação é de ter sido observada durante minha vida inteira... Ele prosseguia:

_ Você está ciente do verdadeiro propósito do Mundo Espiritual?

_ Sim, Mestre... O Mundo Espiritual é um ambiente transitório para que as almas dos humanos que vêm do Mundo dos Vivos possam encontrar seu caminho para o céu, ou o inferno...

_ Correto. Isso faz do Mundo Espiritual um local muitas vezes conturbado pelo trabalho e agitação... Ofício esse realizado por nós, Criaturas Espirituais. Em outras palavras, todos aqui possuem um propósito, direta ou indiretamente ligado aos Seres Humanos que já perderam suas vidas. Você entende aonde eu quero chegar, Jovem Miyuki?

_ Não tenho muita certeza...

_ Vamos tentar de outra maneira. Existem, de forma geral, dois tipos de Criaturas Espirituais, as Nativas e as Reencarnadas. As nativas são as que nascem aqui no Mundo Espiritual, e as Reencarnadas são aquelas que são geradas a partir das almas dos humanos que morreram e que por qualquer motivo, precisam prosseguir vivendo aqui. – Ele me olhava firmemente nos olhos.

_ E todos têm seu papel aqui. É por isso que estabelecemos as Classes, algumas das quais você já conhece... Samurais, Guias, Assistentes... São apenas alguns exemplos.

_ Ah...

_ Creio que esteja entendendo agora.

_ ... Eu não possuo nenhuma classe... – Abaixei a cabeça.

_ Não fique abatida, Jovem Miyuki. Esse é o motivo pelo qual está aqui hoje. Mas ainda não terminei de esclarecer tudo o que precisamos.

_ Certo...

Papai mantinha-se em silêncio. Será que ele já sabia do assunto da conversa? Afinal, ele possui sua própria classe. Ele deveria estar ciente de minha situação...

_ Apesar de não sabermos bem o motivo, existem algumas exceções, como você, Jovem Miyuki... E... Sua falecida mãe, Yuriko-san. Mesmo tendo capacidade suficiente para se tornar uma de minhas assistentes...

Mamãe também não possuia classe? Faz tantos anos... Nem me recordava...

_ Gostaria de aproveitar para externar minhas profundas condolências pela morte de sua mãe, Jovem Miyuki. O caso de Sniper foi uma fatalidade. Iremos tomar todas as providências para que isso jamais se repita. Não é mesmo, Samurai Kojiro?...

Meu pai curvou-se.

_ Sim, Mestre. Admito que parte da culpa relacionada a este incidente é minha. Eu enfrentei Sniper, durante os últimos momentos da vida de Yuriko. Mas não consegui impedi-lo. De fato, eu deveria tê-lo destruído muito antes de adentrar o Mundo Espiritual. Yuriko foi a única vítima por pura sorte.

_ Entendido, Samurai Kojiro. Por favor, recomponha-se. – Disse o Mestre, olhando para meu pai, que voltou à posição normal – Já faz alguns anos... Não há mais necessidade de se desculpar agora. Temos outras prioridades, ao invés disso, certo? – Então ele voltou o olhar para mim.

_ Não podemos jamais mudar o passado. Portanto, devemos olhar sempre para o futuro, buscando não repetir os mesmos erros. Ainda mais quando a oportunidade está bem na nossa frente... Samurai Kojiro... Apesar de já possuir sua classe, e sua função, você age como pai e tutor da Jovem Miyuki, não é isso?

_ Perfeitamente. – Respondeu meu pai - ... Há algum problema nisso?

_ De forma alguma. Assim como a existência da Miyuki é especial, iremos abrir uma exceção para você também, Samurai -

_ Especial... Eu? – Indaguei, sem perceber que estava interrompendo a fala do Mestre.

_ Pois não?

_ Ah!... Desculpe a intromissão, Mestre. O Senhor agora pouco disse que não eu não possuía nenhuma classe. Mas agora disse que sou especial. Eu não entendi...

_ Oh, tem razão. Já estava quase me esquecendo. É que são tantos detalhes... – Ele suspirou. Impressionante! Essa é uma visão extremamente inesperada. Mesmo o grande Mestre possui suas pequenas falhas. Talvez seja por isso que tenha tantas assistentes...

_ Você possui uma habilidade rara, Miyuki. E de acordo com minhas fontes, você as chama de “poderes”...

_ Isso mesmo...

_ Esse é outro ponto importante que precisamos esclarecer... As Criaturas Espirituais usam sua Energia de diversas formas, dependendo de suas Classes... Mas até o presente momento, não temos relatado nenhum outro caso de Criatura Espiritual que consiga dar forma à sua Energia. Você é única nesse aspecto, Jovem Miyuki. E é por isso que você não pode continuar sem uma Classe. Nesse ponto, entra seu Pai, o Samurai Kojiro. Como disse anteriormente, ele também é seu tutor, já lhe ensinando técnicas de esgrima, e de controle de Energia Espiritual. O que na regra, seria um treinamento exclusivo para as Criaturas da Classe Samurai. Ainda por cima, está lhe auxiliando a dominar sua habilidade única de dar forma à Energia... – Ele parou por um instante – Isso é absolutamente perfeito. – E então sorriu.

_ Se você conseguir aprimorar mais e mais seu treinamento, dentro de alguns anos, quando atingir a idade ideal, poderá ingressar na Classe Samurai. O que fará de você a primeira garota numa classe de combate. Meus parabéns!

Agora um sorriso também se alargava no meu rosto. Era incrível demais para ser verdade! Em breve, eu poderia estar lutando junto com meu pai no campo de batalha, e não iria mais precisar ficar sozinha! E quem sabe, eu posso conseguir até mesmo vingar a morte de minha mãe... Olhei para meu pai, que também tinha um sorriso discreto.

Mas... Por algum motivo, parecia estar faltando algo.

Faltava aquilo que mais me chamava a atenção... Que mais me intrigava. Que me dava sede de conhecer...

O Mundo dos Humanos.


_ Então... Creio que já estamos acertados, não acham? – Como acabei me distraindo de tamanha alegria, não prestei atenção no que mais o Mestre havia falado.

_ Com licença, Mestre.

_ ... Sim, claro. Pergunte.

_ Com relação ao Mundo dos Humanos...

Ele parou por um instante. O sorriso se desfez, e o Mestre então ficou mais sério, apesar de não querer aparentar isso.

_ Jovem Miyuki. Você sabe que o acesso ao Mundo dos Humanos está restrito às Guias, não sabe?

_ S-Sim... – A seriedade dele me frustrou um pouco, chegando até a me surpreender.

_ Mas de fato, você é uma garota especial. Com muitas exceções. Até demais: Você vive na Passagem.

_ ... Existe algum problema nisso?...

Ele apoiou um dos cotovelos à mesa, e descansou a cabeça sobre a mão.

_ Vou repetir para ser bem claro, Jovem Miyuki. O acesso ao Mundo dos Humanos está restrito às Guias. O fato de você morar na Passagem, que é entrada das Almas dos Humanos para o Mundo Espiritual, significa que você não tem conforto nenhum. As Guias provavelmente devem ter lhe conseguido um pequeno alojamento junto à elas, nas proximidades, pois é de lá que elas também vão trabalhar. Até aí não há nenhum problema, já que você ainda não recebeu sua Classe e não pode ficar junto aos Samurais. Mas você é uma garota sedenta de curiosidade pelos humanos. E a proximidade dimensional da Passagem com o Mundo dos Humanos é a questão aqui. E Não é apenas por causa do quesito de “permissão”. Se alguma Criatura Espiritual que não seja uma Guia for parar no Mundo dos Humanos, ela dificilmente conseguirá voltar.

Eu estava acompanhando tudo o que o Mestre dizia com bastante atenção, afinal, era um assunto de grande interesse meu.

_ Mas eu sei que você é uma garota muito disciplinada e jamais tentará infringir as Leis Espirituais, não é mesmo? – O sorriso voltou ao rosto do Mestre. Fiquei aliviada – Afinal, seu pai está lhe educando muito bem.

_ Muitíssimo obrigado, Mestre. – Meu pai curvou-se novamente.

_ Se este for o caso, então eu lhe permitirei conversar com as Guias sobre os Humanos, e aprender sobre o Mundo deles. Com as condições de treinar para se tornar Samurai e jamais, jamais atravessar as fronteiras dimensionais da Passagem. Eu posso confiar em você, Jovem Miyuki...?

... Miyuki...?

Ei... Miyuki...?

Hum?

_ Acorde Miyuki!

Hanako... –san...?

~ De Volta Aos Tempos Atuais ~


E agora? E agora? E AGORA??!!!! 8D

CHEGOU A HORA DA VERDADE, após esse momento da conversa com o Mestre e esse pseudo-fanservice da Miyuki entrando na banheira, que não vai ganhar nenhuma ilustração se depender da minha pessoa, A MIYUKI VAI OU NÃO VAI CONTAR A VERDADE PARA OS KUROSHIKE??!!! Ò__Ó ATÉ A AUTORA DA HISTÓRIA ESTÁ ROENDO AS UNHAS PARA SABER quando diabos ela vai continuar a escrever essa história que enrola mais que macarrão no garfo

Bye-Nii x3~~


Última edição por GabyBakaChan em Sáb Abr 03 2010, 18:50, editado 2 vez(es) (Motivo da edição : 03.04.10 ~ Concluído o Flashback da Miyuki com o Mestre do Mundo Espiritual (Ainda sem nome, tadinho) <3)
GabyBakaChan
GabyBakaChan
Alquimista Federal
Alquimista Federal

Feminino Mensagens : 68
Idade : 30
Localização : MiauTheWorld-lândia

http://tinyurl.com/fma-sign-it

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos